quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Assalto no Galpão Redondo

Não sei por onde começar a escrever. Me faltam palavras para explicar, para me autodescrever neste momento. Outro assalto, outra vez o sentimento de impunidade, outra vez essas malditas lágrimas e o sentimento de humilhação. Cá estou eu, mais uma vez de cabeça baixa, moralmente molestada e transparentemente revoltada.
Dessa vez foi no Galpão Redondo, reduto de descanso da família e dos amigos, palco de discursos emocionados e de festas regadas a carne, alegria, cerveja e amizade. Fonte de energia do meu póps, que mais uma vez se manteve sorridente diante do problema.
Pode-se dizer que “não levaram muita coisa”. Ora, meus amigos, o que seria “muita coisa”? Estou, mais uma vez, tendo arroubos de raiva por ter uma polícia medíocre que perde tempo brincando de “mocinho e bandido” correndo atrás de quem só quer se divertir, vendo meu lar ser violado e ninguém (NINGUÉM) fazer nada por mim. Perco, mais uma vez, a fé neste país que não dá a mínima para segurança pública; perco mais um pouquinho fé que eu tinha na humanidade e perco, quase totalmente, o meu apreciado sossego.
E nós, trabalhadores, estudantes, pagadores de impostos ocupamos que espaço na sociedade? É o triste papel de vítimas que nos cabe? Oque nos resta é chorar abraçados? Condenam e chamam de loucos os que falam em fazer justiça com as mãos, mas e se não for assim, como vai ser? Quem vai olhar por nós, os de bem (já que pelos pecadores a justiça olha)?
Não vejo mais o otimismo como uma virtude, nem a bondade. Percebo que hoje é necessário ser realista e ter um pouco de maldade no coração. Aves de rapina nos vigiam mesmo quando ainda estamos vivos.
(Para quem não sabe, à pouco mais de um ano o apartamento em que vivo com meu irmão foi arrombado. Levaram pertences de valor sentimental e de valor financeiro. Mas sobretudo, levaram nossa tranquilidade. O choque foi imenso, o meu trauma e a minha angústia também , e quando a cicatriz já está quase seca o golpe se repetiu. Neste fim de semana arrombaram o Galpão Redondo, fazenda que meus pais cuidam com tanto carinho, que construímos com muito afeto e atenção, com presentes que ganhamos de amigos e um dos outros ao longo dos anos, até fazer do acampamento um lar de verdade.
Mais uma vez registro aqui a minha indignação e tristeza com a incapacidade da polícia nas duas ocasiões.)

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