"Eu hoje sonhei em pé, caminhando pela casa, com o alívio que os braços dele me trazem. Alívio de sentir saudade e não querer mais ser minha própria proteção. E vem a noite, caindo em meus ombros e a ausência se acomoda no meu peito e fica... fica como se morasse ali.
E na minha sinceridade desenfreada, toda enrolada na minha mania eterna de ser uma pessoa só e não me dividir, eu inclino minha alma e coração para o lado dele, esperando pelo conforto de saber que daqui a poucos dias ele chega, com um sorriso de quem conhece o fim do labirinto, então eu não tenho medo de mais nada!"
(Grazi Silva)
Sábado, o telefone toca: ele não vem.
Eu contenho as lágrimas, afinal sou uma mulher forte, do século XXI, segura e confiante. Trato de me distrair com qualquer bobagem. Me distraio com o whisky, meia dúzia de livros e comida. Qualquer coisa mastigável me diverte, como se o estômago e o coração fossem a mesma coisa. Troco, incessantemente, de canal. Mas o pensamento não se desvia.
Apelo para um banho quente. Um bom banho. Banho de quem sabe que vai dormir sozinha, mas tem a esperança de uma surpresa. Tento demorar no chuveiro o máximo possível, para o tempo passar. Quando saio constato, decepcionada, que não demorei dez minutos.
Bebo mais um pouco, ouço sons de carro na rua e penso: o carro vai parar e a campainha vai tocar. Mulher apaixonada se ilude com cada coisa! Busco meu cobertor, meu travesseiro, com a camisola mais velha ( e jamais usada) me atiro no sofá. Meu gato se esparrama por cima do meu corpo e do meu “frio interno”. Me faz um carinho, que eu juro que é amor, mas ele só ta amaciando o lugar onde vai se deitar. Faço do aconchego dele o meu e ele dorme alheio à minha saudade.
Vem o primeiro bocejo, o fim do whisky, o fogo na lareira virou braseiro já e as vozes na rua já se calaram. Vem primeira lágrima inevitável. Aquela que vem sem perguntar se pode. Eu nem seco. Saudade é coisa que não se ataca. Meu coração me foge pelos olhos. Eu respiro, desligo esse computador e rezo para o sono ser mais forte que a ausência.
(Grazi Silva)

Ps: Só com ele a lua parece uma bergamota (ele e 5 litros de vinho).
Ps2: Minhas férias estão ótimas, estar em casa é ótimo. Péssimo é ter que voltar.