quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Fazem dias que estou remoendo memórias, catando inspirações, pensando em possíveis crônicas, poesias, críticas ou qualquer outra coisa pra postar aqui. Cabeça vazia! Agora a pouco assisti (novamente) o filme Marley e eu, mais uma vez chorei como louca. Bateu uma nostalgia de estar longe dos meus cachorros, do meu gatinho... Percebi que nunca escrevi nada sobre eles e me senti péssima.
Quando eu abro a porta do portão, lá em casa e, antes que eu diga qualquer coisa, eles vêm correndo, com as orelhas ao vento, os rabos abanando tanto a ponto de deixar minhas canelas roxas, eu penso que a vida não faria sentido nenhum sem o carinho de um animal, que nada quer em troca, nem mesmo que o amor seja recíproco, eles só querem provocar um sorriso.
Eu acho que eles não entendem o que eu falo, mas sei que eles sabem o que eu sinto. De qualquer forma se eles interpretassem palavras, além de gestos, eu ligaria pra eles algumas vezes por semana, pra eles ouvirem minha voz e não pensarem que eu os esqueço, por que isso nunca acontece. Acho que eles entendem isso, caso contrário, me olhariam com tristeza quando eu estou com eles. Eu diria a eles que o quanto são preciosos, mesmo muito gordos ou muito magros, mesmo com o pelo todo feio, mau-hálito e essas coisas de cachorro (que meu Panqueca, por ser gato, não tem) e que todos os dias eu olho as milhares de fotos que tenho deles e que sempre sorrio ao fazer isso. Diria ao Panqueca dar menos trabalho, que assim o pai pararia de por apelidos nele (nojento, rabugento etc.). Eu ia querer que eles soubessem que não gosto quando me lambem, mas que adoro os focinhos cheirando meu rosto, as patas pesadas me batendo, todos aqueles pulos frenéticos, ossos velhos, gravetos babujados, laranjas mastigadas, e todas essas coisas que tenho que pegar para jogar longe, amo tudo isso. Me sinto em casa quando abro a janela do meu quarto e o Tango ta ali me cuidando, quando o Barack quase me derruba na beira do portão ou quando sofro uma mordida fatal do Panqueca (ou quando ele se aconchega embaixo das cobertas, ronronando e me causando sorrisos). Diria a Lua que to torcendo desesperadamente pra não levarem ela embora por que ela me ilumina como se fosse o próprio satélite.
Eu diria a eles que sou muito mais feliz com eles por perto. E que se às vezes sou relapsa, não dou a atenção que eles merecem, não sou tão paciente etc, não é por falta de amor. Queria que eles soubessem que muitas vezes sou muito menos tolerantes com as pessoas que amo, ou comigo mesmo. Queria que eles tivessem consciência que os amo incondicionalmente, que eles são parte do meu caráter e que cada sorriso meu tem uma parte que é deles.

PS: cabem aqui a Sarah, que me roubaram, deixando o Barack uma corda sem caçamba; a Duquesa que se foi antes de eu ter virado uma adolescente, mas foi minha melhor amiga na infância; meu Nescau, companheiro pra qualquer coisa, me levava no colégio e me buscava, mesmo no pior dia do inverno hervalense e a minha Toddy, que eu ainda não aceito que ela tenha morrido, mesmo tendo se passado tanto tempo, que foi “a melhor caçadora do meu pai” e foi o carinho mais sincero e insubstituível de todo o mundo.

2 comentários:

  1. ahh que declaração bem lindaaa!! haha.. só sei de uma coisa amiga "Quanto mais conheço as pessoas, mais admiro os animais" beijoss te amoo!

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  2. Amiga Grazi...
    Adorei o que escrevestes...aliás...como sempre...
    Combina muito com esse teu momento...assim...meio nostálgico...
    E não dá para deixar de concordar com a Sú...também admiro cada vez mais os animais...
    Bjs...

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