Sobre o roubo no nosso apartamento

Esperei a poeira baixar aqui dentro, do meu apartamento e do meu coração. Agora passo adiante meu relato sobre o que se chama dor, tristeza e mágoa...
Quinta-feira ás 22h10min, meu irmão e eu chegamos do hospital, rindo, nosso avô tava quase recuperado. Quando ouvi: -Mana, arrombaram nosso apartamento.- Começaram os momentos de maior aflição da minha vida. A partir daí, começaram as ligações, os chamados desesperados (síndica, polícia, pai, André) em dois minutos nosso mundo desmoronou e o mano começou a reconstruir, enquanto eu chorava copiosamente.
O fato de terem levado nossas coisas dói, e não é uma dor qualquer, dói muito. Mas pedir pelo amor de Deus para os policiais ali presentes fazerem alguma coisa e eles responderem “a gente não pode”, deve ser algo parecido com jogar álcool na ferida que já está doendo. É enlouquecedor.
Meu irmão foi a luta e continua nela, eu, dolorida, ainda passo mais tempo me sentindo humilhada e secando minhas lágrimas, (sinto vergonha de mim, não queria mais nem precisar sair na rua) não é pelo que foi perdido de material, mas pelo que perdi dentro de mim. Minha tranqüilidade foi embora. Eu acreditava que dentro da minha casa nada iria me acontecer, mas até minha casa foi violada e eu não posso me defender, tão pouco tenho quem me defenda. E por um momento pensei ter perdido a confiança na humanidade (quantas vezes eu disse para incrédulos pessimistas “os homens ainda tem jeito”), porém olhei para o lado e estavam meus vizinhos, estava meu amigo que eu chamei quase aos gritos e a minha cunhada segurando a mão do meu irmão e mais uma vez restaurei minha fé.
Espero que a polícia tome alguma atitude, minha tristeza cesse, que o coração do meu irmão não se transforme e que o da minha mãe se aquiete. E espero que meu pai continue tirando da manga e pondo em nossos rostos aqueles sorrisos que ele sempre proporciona.
Tomara que daqui a alguns dias nossas coisas estejam de volta, uma questão de honra, já que é uma forma de recuperar um pouco da dignidade. Aos que lêem esse blog, cruzem os dedos, torçam, rezem, para isso terminar. Para a justiça SER justiça não deveria ser necessário quem é de bem arregaçar as mangas e ir atrás de gente como essa. Não deveria uma mãe se desesperar. O correto seria eu estar agora dando risada da cara lavada dessa gente, já que a polícia admitiu saber nome e sobrenome dos ladrões.
Eu sei que não fui a primeira, nem vou ser a última a passar por isso, mas é necessário mostrar resistência. Eu começo por aqui, meu irmão ta fazendo a parte dele, e cada um podem fazer um pouco para essa sociedade se tornar ao menos DIGNA.

“Ela nunca teve quem ensinasse
Ela nunca foi ninguém
Ela não tem moral,
Mas agora ela tem anéis de ouro
Que alguém que me ama me deu
Agora ela tem minha maquiagem
Que minhas amigas me pediam para usar
Mas ela nunca vai conseguir
Alguém que a ame com eu sou amada
Nem nunca vai ter amigas com as que eu tenho
Então ela vende minhas coisas
Então ela desmorona meu castelo
Para comprar uma pedrinha
E fingir ser mais feliz...”